Quem saiu de casa cedo na manhã de sábado para comprar frutas e verduras na tradicional feira do Parque Dom Antônio Zattera levou um grande susto. Por volta das 9h, um galho enorme caiu em cima da tenda de uma das bancas. Apesar do movimento intenso de pessoas naquele momento, por sorte ninguém se feriu. O caso religa um sinal de alerta que estava um pouco esquecido: precisamos cuidar das árvores da nossa cidade.

A força dos ventos e a intensidade das chuvas, registrados durante a passagem do ciclone extratropical por Pelotas, em meados de julho deste ano, deixaram um rastro de destruição pela cidade. Conforme os dados da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA), em matéria publicada no dia 14 de novembro, de janeiro a outubro foram 523 árvores suprimidas no Município. Deste total, 511 foram retiradas logo após os eventos climáticos.

Ainda em julho de 2023, o Diário Popular levou o professor de Floricultura e Plantas Ornamentais na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Paulo Roberto Grolli, para circular pela praça Coronel Pedro Osório, onde muitas árvores tombaram, para fazer um diagnóstico da situação. Na época ele já alertava sobre a característica do solo na região sul, que é muito raso e não deixa que as raízes aprofundem mais do que 50 a 80 centímetros.

Nesses casos, ainda mais com ventos que superam os cem quilômetros por hora, é realmente muito difícil evitar que uma árvore gigante tombe. Em outros, porém, cabe ao poder público fazer o diagnóstico das árvores para que elas sejam suprimidas - ou podadas corretamente - tão logo apresentem sinais de que possam estar com a estrutura comprometida.

Há pouco mais de três anos, Pelotas viveu uma tragédia com a queda de um galho na Praça José Bonifácio, em frente à Catedral Metropolitana de São Francisco de Paula, que atingiu e matou um homem que estava sentado em um banco. Felizmente, a queda deste sábado não deixou nenhum ferido. Mas, novamente, fica o alerta: precisamos cuidar das árvores da nossa cidade.